Cine PE: cavernas e fantasmas vão parar no Ceará em noite assombrada

Cine PE: cavernas e fantasmas vão parar no Ceará em noite assombrada

Quarta noite de competição do 29º Cine PE deu vazão às histórias "do outro mundo"

“Aqui o sobrenatural é natural”, comenta uma voz sem rosto em “Itatira”, documentário de André Luís Garcia exibido nesta quinta-feira, 12. Na competição de longas do 29º Cine PE, o filme tenta contar uma “história de fantasma” que aconteceu em Itatira, cidade no interior do Ceará, entre Canindé e Santa Quitéria.

Em 2010, alunos de uma escola pública entraram numa dita “histeria coletiva” após relatarem terem visto o espírito de um ex-aluno morto quase dez anos atrás.

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A histórica causou barulho na época - atraindo padres, espíritas e jornalistas de todo o Brasil para a pequena cidade cearense. Documentos apontam que pelo menos 25 alunos foram levados ao hospital após gritos e desmaios súbitos, simultâneos, fazendo com que a crença popular atribuísse essa presença fantasmagórica a possessões demoníacas.

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Apesar dessa gravidade, o que assombrou mesmo a plateia foi o vazio indisfarçável da narrativa. Para não repetir a exposição à qual crianças e adolescentes foram submetidos em estado de vulnerabilidade, a trama resolve ser muito comedida em mostrar imagens dos acontecimentos e com receio até mesmo de posicionar sua própria percepção.

Saiba mais sobre o documentário 'Itatira'

Como não há imagens, espaço para encenações ou invenção de planos ambíguos, o filme escolhe filmar vazios e silêncios: o céu noturno, a escola calada e as pedras de uma caverna.

Chega a ser interessante o cruzamento místico na presença de um boi folclórico que dança ao redor da fogueira ou até mesmo a reflexão de um dos depoentes sobre a influência da câmera na existência da histeria. Esse amontoado de breves inquietações, porém, não consegue sustentar nem a sobrenaturalidade tão atraente e nem mesmo o discurso racional. “Itatira” resolve ficar no meio do caminho, sem invadir ou fugir, tentando escapar das respostas sem perceber que também esqueceu a pergunta.

 

Exibido logo antes numa rima quase acidental, o curta-metragem “Caverna”, de Aline Flores, encontrou o sobrenatural na claustrofobia de um sentimento. Na trama, o abismo entre mãe e filha é figurado por uma caverna labiríntica, escura e fria. “Você quer que eu saia mas não me deixa te abandonar”, a filha responde aos prantos desnorteada.

Expoente no cinema brasileiro, especialmente feito no sul e centro-oeste, Patrícia Saravy faz uma forte entrega no papel dessa mãe amargurada e depressiva que se encastela numa caverna para se convencer de que não existe mais saída - desde já, parece a favorita ao prêmio de Melhor Atriz.

O 29º Cine PE segue até o domingo, 15, com cobertura do O POVO.

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